Crônica de um nascimento

E lá se vão os dias.

E lá se vai o tempo.

O corpo e a mente impregnados de paixão (necessária sempre em uma fase das nossas vivências, mas capaz de aniquilar as conquistas e os sonhos pelo seu arrebatamento e sua falta de zelo e apego) já haviam ficado ao longe. Agora existia o amor: grandioso e poderoso e, assim capaz de vencer barreiras inimagináveis como um Don Quixote Americano.

E, deste amor por esta sempre jovem e bela donzela chamada Medicina, brotou há quase 20 anos um desejo de completude, um sonho de continuidade e uma força interior atômica de servir, de colocar tudo aquilo aprendido, discutido, experimentado ao longo de toda uma vida de dedicação, de devotamento e de estudo, agora de uma maneira mais própria, mais rica e acima de tudo trazer orgulho e ter certeza de ter sido feito aquilo que de melhor foi possível.

O casamento assim se processou e "o que Deus uniu o homem não separe".

O filho se materializou na nossa (de todos nós, mas principalmente dos nossos pacientes e de todos aqueles que nela militam) RITMOCLN que chegou ao mundo muito desejada e amada.

Assim, assistimos o seu crescimento e vivemos cada etapa, cada queda e cada levantada com a força e a certeza que ela tem se tornado um ser exemplar, um local onde o desejo de servir, de acolher, de viver junto a cada um daqueles que são intitulados pacientes, nos faz ter a certeza de termos cruzado um caminho correto.

E que ela continue crescendo com força, dignidade e acima de tudo com inabalável certeza de que é preciso ouvir o outro, não somente com nossos ouvidos, mas com nossos olhos, com nossas mãos. Que tenhamos a capacidade de lutar por equidade, justiça social e respeito aos direitos individuais, porque sem isto não é possível ter uma saúde plena e verdadeira.

Temos que lutar para que ao final, o ser humano, como diz o poeta, tenha apenas "aquela parte que lhe coube deste latifúndio" e que apenas se quantifica "em palmos medida".

Obrigado a todos que participaram deste nascimento, aos padrinhos, testemunhas, amigos, críticos, aqueles nem tão amigos assim. Todos foram muito importantes com sua ajuda, seu estímulo e até mesmo naquilo que não construiu a princípio, mas que se mostraram importante estímulo ao crescimento, ao prosseguimento, por se transformar em grande reserva de evolução e de amadurecimento.

Thiers Ribeiro Chagas